Na semana passada recebi o exemplar da edição
2550 da Revista Veja, como de costume, fiz uma leitura rápida da mesma,
inclusive da matéria escrita por J.R. GUZZO intitulada: “Essa Gente
Incômoda”. Na primeira leitura, confesso
que achei o texto bastante positivo, no sentido que retrata a visão míope que
alguns grupos possuem sobre a moral e ação política evangélica; bem como,
trazendo uma radiografia do que a igreja se tornou com os desmandos de certas
lideranças. No final da leitura, fiquei até animado a compor uma música ao bom
estilo Damares, refrão já estava pronto: “ Quem tiver incomodado que se mude”.
Contudo,
para minha surpresa, durante o transcorrer da semana começaram manifestações,
posicionamentos de líderes de diversas denominações e políticos evangélicos;
alguns deles que tem o meu total respeito. Confesso, inclusive, que fiquei
envergonhado da minha primeira hermenêutica do texto em questão. Entretanto, ao
lê-lo novamente, reforcei a minha primeira interpretação, que o artigo era
extremante positivo e esclarecedor do atual cenário brasileiro, no tocante ao
discurso sobre a moral que se instalou em nosso país, tendo em um dos lados a Igreja
Evangélica Brasileira. Os últimos episódios dessa “série”, foram as exposições
de “artes” atentatórias contra os símbolos religiosos e contra a boa educação
infantil (para não dizer outra coisa), e, que foram duramente rechaçadas, não
só pela Igreja Evangélica, mas, pelo brasileiro médio de uma forma geral.
Acho
que pelo fato da Igreja Evangélica viver tão entrincheirada em uma guerra
moral, que qualquer barulho de fogos de artifícios, pode tomar a conotação de
um ataque nuclear, entretanto, é necessário ser mais cuidadoso para não
ferirmos os nossos aliados. Da minha
leitura do brilhante texto de J. R. GUZZO, foi possível pontuar os seguintes
aspectos:
1)
O texto tem um tom irônico, talvez por isso a dificuldade de alguns líderes
compreenderem o seu sentido;
2)
Ele aponta que a tolerância religiosa é um belo discurso progressista, mas, na
prática há uma intolerância, ainda que não admitida, em relação aos evangélicos,
perpetrada pelos intelectuais de plantão e até mesmo pelos meios de
comunicações;
3)
A Bancada Evangélica cresce em função do crescimento do segmento na sociedade
brasileira, e que ela reflete a vontade e a moral de uma parcela significativa
da população;
4)
Apesar da indignação, ainda que legítima, da desonestidade de líderes escroques,
que enganam e vilipendiam fieis cotidianamente, este não é um problema fácil de
resolver;
5)
Por fim, ele conclui dizendo que se a tolerância é um caro valor, deve-se,
também ser aplicado aos evangélicos. Gostaria de concluir transcrevendo o
último trecho do artigo: “É duro, mas o
fato é que, num momento em que apoiar a diversidade passou a ser a maior
virtude que cidadão pode ter, fica complicado sustentar que no caso dos
evangélicos a diversidade não se aplica. Não há outro jeito. Se você defende a “arte
incômoda”, digamos, tem de estar preparado para conviver com a “religião incômoda”.
Portanto, diante das reações
enfurecidas de certas lideranças evangélicas em relação ao artigo. Confesso que a minha
maior questão é: Como queremos interpretar a Bíblia? Com toda a sua
complexidade morar e existencial, se não conseguimos interpretar adequadamente
um simples texto da revista Veja. É duro, mas, me apropriando da lógica do
artigo - Aceita que dói menos.
Pr.
Jonas Silva.
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