Os últimos acontecimentos ocorridos no estado
do Espírito Santo, deixou - me
estarrecido, onde em virtude da greve da Polícia Militar daquela unidade
federativa redundou em um verdadeiro caos social – a violência imperando no
seio daquela sociedade de forma abundante e recorrente. Contudo, do
estarrecimento brotou uma série de reflexões.
A primeira, é que urge a necessidade de que se
enxerguem as instituições militares estaduais com seriedade, estabelecendo
diretrizes doutrinárias concretas, que perpassam, não só quanto o emprego dos
milicianos dos estados, mas, também, quanto à formação, e, principalmente, no
tocante a valorização de profissionais que entram em guerra cotidiana,
ariscando as suas vidas e o bem-estar dos seus familiares. A nossa Constituição Federal veda,
acertadamente, a tais profissionais a sindicalização e a greve, mas, fica a
pergunta: Como os governos estaduais tem tratado os seus militares? Tais
movimentos reivindicatórios, não seriam o grito daqueles que são formados e
cobrados para garantir o direito e a segurança de todos, quando na prática tem
os seus direitos vilipendiados? Deixo para o leitor buscar tais respostas.
A segunda reflexão surge de uma música, que foi
sucesso nos idos dos anos 80 que propalava o chavão: “Polícia para quem
precisa!”. Diante dos fatos e da violência exacerbada no estado do Espírito
Santo, catalisada pela ausência de policiamento ostensivo. Fato, que não é
exclusivo das terras capixabas, já que réplicas de tais eventos, nas mesmas
circunstâncias ocorreram em outros estados. Percebo que a questão passa
exatamente por quem somos enquanto sociedade, pelos valores morais que
cultivamos, e principalmente, pela capacidade de fazermos reflexões éticas a
respeito das instituições que estamos inseridos e do próximo. Ou seja, a
sórdida concretude da realidade só me permite tirar uma conclusão – somos uma
sociedade que necessita constantemente de polícia.
Acampando a presente reflexão nos campos
ridentes da cosmovisão cristã, é defensável a compreensão que o problema
encontra-se no coração do homem e dos pressupostos que ele abraça, na verdade,
a polícia e as demais forças coercitivas nada mais são, do que as cercas que
impedem ou dissuadem o caminhar para o local que deseja ir o ego de cada um.
Era exatamente o que fazia a Lei Mosaica,
definia as barreiras e limites, contudo, o homem vivendo sobre a Antiga
Aliança, estava sempre disposto a transpor os limites estabelecidos por Deus.
Por outro lado, o Cristianismo é fundamentado em um novo pilar, que é a
transformação produzida pelo novo nascimento, a partir da ação divina na
natureza humana, e do paulatino processo de santificação.
Portanto, uma boa forma de avaliar a dimensão
da obra de Deus na vida de um cristão, é perguntar o quanto ele necessita de
polícia, que neste caso, não necessariamente é a Polícia Militar, mas, quais
são as cercas que terão que ser construídas em torno do seu ser, para quê, o
que ele é de fato não o leve para os campos longe do seu Criador.
Alguém uma vez me disse que caráter é aquilo
que somos quando ninguém estiver nos vigiando. Logo, fico intrigado com o fato
do cristianismo ser para alguns, essa cerca que limita e vigia o que de fato
eles são, entretanto, ao retirá-los (a cerca e o vigia) flui toda pecaminosidade
incontida no coração.
Portanto, concluo afirmando que enquanto não
houver uma transformação genuína no coração de cada um, a polícia e a cerca
sempre serão necessárias, seja para o religioso ou não, mas, torna-se grave
para um cristão, quando a forma que ele vive não corresponde com o seu ser,
mas, é fruto estrito daquilo que os sistemas de controle o tornaram, em
detrimento de uma transformação genuína de caráter.
Pr. Jonas Silva.
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