
Desde que comecei o meu mestrado em
ciências da religião, ainda pastoreando
uma comunidade, conciliar o papel de pastor e acadêmico foi um dos grandes
dilemas enfrentados, e que ainda enfrento na reta final do curso. Em
meio aos dilemas, certezas e incertezas produzidas pela reflexão em torno do
tema, por esses dias me deparei com um texto de Andrew Wilson, publicado na ChristianityToday (http://www.christianitytoday.com/ct/2015/september-web-only/why-being-pastor-scholar-is-nearly-impossible.html?share=OYeKw55FSv7ATZ7G82ytxgQN%2FyjvIjmX) , que me caiu como uma luva, portanto,
resolvi fazer uma livre adaptação do mesmo.
Mas como é possível ser ao mesmo
tempo um acadêmico e um pastor? Eu suspeito que muitos de nós conhecemos pessoas
que, pretendem ser pastor, bem como, um erudito. E, portanto, acabaram não
sendo nem e nem outro. Mais comumente, alguns aspirem ser ambos igualmente, mas
indicam em seus discursos e ações-e que seus horários semanais não dão para
conciliar as duas atividades.
Não me interpretem mal. Eu não estou
tentando menosprezar a chamada para os pastores que também são estudiosos e
acadêmicos, e que também são pastores. Mas ser um pastor-erudito é mais fácil
fala do que viver. E muitos, como eu, que estão tentando combinar seus desafios
pastorais e acadêmicos vivem em uma tensão permanente.
A
tensão gira essencialmente em torno da uma questão de tempo. A pesquisa acadêmica
demanda muito tempo, bem como, também, o ministério pastoral. Logo, fazer as
duas coisas bem feitas, não está ao alcance de todos. Obviamente, há exceções, Wright é um
indivíduo super produtivo, que, nas últimas três décadas, conseguiu publicar
comentários populares e livros; e ainda escrever
monografias acadêmicas. Conciliando com vários níveis de atividades
eclesiásticas, servindo inclusive, como bispo de Durham por sete anos, e ainda encontra
tempo para viajar pelo mundo para ensinar.
Agora, tendo avaliado o assunto, da
bi-vocação, mais profundamente, vejo
três grandes tensões que fazem o pastor-erudito algo como um unicórnio.
1) A tensão entre ser: Especialista-Generalista
A
pesquisa acadêmica requer domínio sobre áreas de investigação, de uma forma que
ampliem o conhecimento humano. Ela exige disciplina para restringir não só o
que você ler sobre, mas também o que você falar. Estudiosos paulinos muitas
vezes dão uma tosse de desculpas antes de opinar sobre Jesus, ou em pontos de
vista filosóficos como nominalismo. Se você perguntar a um estudioso sobre a
sua opinião sobre um assunto específico, e eles não são totalmente seguros,
eles provavelmente vão expressar alguma versão do velho mantra: "Não é
minha área”. Acadêmicos são especialistas.
Por
outro lado, o pastor é um generalista e não tem o luxo de se especializar. As
pessoas querem que os pastores tenham
respostas para todas as demanda: divórcio, o estado de Israel, dons
espirituais, etc, contudo, eles não podem se dar o luxo de afirmar essa não é
minha área.
Portanto
o pastor-acadêmico enfrenta um conflito interno significativo. Quando um novo
problema surge e perturba as pessoas na igreja, pastores e estudiosos querem
estudá-lo brevemente, orar por sabedoria, e, em seguida, falar com confiança,
sob o risco de não ser muito erudito? Ou será que eles esperam até que eles têm
dominado o assunto e escreveu um artigo sobre o tema, o que significa esperar
seis meses, sob o risco de não ser muito pastoral? Eis ai um dilema real que
enfrentam os pastores que querem conciliar a profundidade da academia com a opinião
superficial requerida pelo rebanho.
2)A tensão: teoria - prática
Alguns estudiosos, pelo menos nos círculos teológicos,
são motivados pela questão: "O que devemos fazer?" A pesquisa gera
indagações, que geram mais pesquisas.
Pastores, por outro lado, são motivados por questões
práticas. Como
edificar a vida do rebanho? Quais são as formas mais
eficazes de fazer discípulos? Como podemos alcançar nossas
comunidades com o evangelho? Estas destas perguntas requerem
soluções teóricas em algum sentido, e separar a prática do teórico é inútil e
muitas vezes contraproducentes. Mas o impulso vem do resultado
tangível no mundo real.
3)A tensão: Academia-Igreja
É
difícil exagerar como contexto intensifica essas tensões. Não é
simplesmente uma questão de recursos, a disponibilidade dos quais são
totalmente diferentes quando você trabalha em um seminário em vez de em uma
igreja. As atividades centram-se na educação de um seleto grupo de estudantes
que são geralmente jovens, intelectualmente capazes, e interessados no assunto.
Compare isso com um ambiente de igreja, onde o pastor interage com um grupo de indivíduos, alguns dos quais têm pouco interesse no que o mesmo está tentando ensiná-los intelectualmente.
Compare isso com um ambiente de igreja, onde o pastor interage com um grupo de indivíduos, alguns dos quais têm pouco interesse no que o mesmo está tentando ensiná-los intelectualmente.
As
tensões, no entanto, não são necessariamente más. Nós precisamos simplesmente aprender a gerenciá-las. Assim, pode ser que as tensões do pastor-erudito, bem
como, todos os desafios pessoais que elas representam, podem ser boas para a
igreja. Afinal de contas, Paulo lidou com eles, e ele não fez um trabalho tão
ruim.