
Antes de qualquer coisa gostaria de
justificar a minha ausência no blog, ando meio ocupado com as atividades de
mestrado, descobri, mesmo já desconfiando disso, que o título de mestre não cai
do céu, vem exigindo muita leitura e dedicação. Contudo, em virtude do último
dia 31 de outubro, não deixar poderia deixar de fazer uma reflexão sobre a
reforma protestante.
Há exatos 497 (quatrocentos e noventa
e sete) anos atrás, no dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou nas
portas da catedral de Wintteberg, Alemanha as suas 95 (noventa e cinco) teses.
Começava aí, um processo de libertação da Igreja Cristã da estrutura de poder
fomentada pelo clero da Igreja Romana.
O
movimento iniciado por Lutero era fundamentado em 5 (cinco) pilares básicos:
somente a Escritura, somente a Fé, somente a graça, somente Cristo e glória
somente a Deus. É exatamente ante as bases fincadas por Lutero e a partir do
que a igreja evangélica contemporânea se tornou que gostaria de fazer uma
reflexão.
Somente a Escritura
A igreja contemporânea vem se tornando
cada vez mais emocional e experiencial, não quero dizer que o elemento de
mistério, não faça parte da vida cristã,
mas defendo que a mesma não pode ser elemento norteador e autoritativo da
práxis cristã.
Vemos cada vez mais igrejas e
ministérios serem estabelecidas em fundamentos pragmáticos, mesmo que estes não
encontrem lastro nas Escrituras Sagradas, infelizmente a Bíblia não vem sendo
para igreja contemporânea suficiente para nortear a vida eclesiástica.
Somente a Fé
Na percepção de Lutero a Fé era o
elemento soteriológico fundamental, ante as vendas de indulgências
implementadas pela Igreja Romana.
Para a igreja contemporânea a fé se
tornou meramente uma força promotora de milagres, e nesta percepção equivocada,
surge um novo mercado de indulgências, que são os amuletos e muletas
espirituais (rosa ungida, campanhas financeiras, sal grosso, copos com água
etc), que visam alcançar o paraíso, muito embora, gostaria de lembrar, que o
céu da igreja pós-moderna, não está no porvir, mas em uma vida terrena ausente
de problemas.
Somente a graça
O conceito de graça para a igreja
contemporânea se tornou em algo sem valor, a espiritualidade contemporânea
tirou os olhos daquilo que ela não poderia jamais pagar que mesmo assim Deus
nos presenteou, que foi a salvação em Jesus Cristo. E fixou o olhar naquilo que
ela, mesmo equivocadamente, entende que pode compra de Deus por meios de seus
sacrifícios pessoais e financeiros, que é uma vida de sucesso terreno.
Somente Cristo
Vivemos dias onde os ministérios são
cada vez mais personalísticos, onde o líder principal não é a pessoa de Jesus,
mas o pastor “a”ou “b “, onde o paradigma de verdade não está na pessoa de
Cristo, mas em concepções humanas.
Algumas igrejas evangélicas tratam a
sua liderança como infalíveis e acima do bem e do mal, não importam quantas
vezes eles ultrapassem a mensagem de Jesus, ainda assim estarão corretos.
Glória somente a Deus
As estruturas eclesiásticas de poder
estabelecidas pela igreja contemporânea buscam a glória de Deus? Ou a
manutenção de sua própria glória? A resposta as estas indagações fica fácil de
responder quando observamos que muitos nomes de igrejas são mais exaltados do
que o próprio nome de Deus.
Nesta lógica contemporânea a glória de
Deus é compartilhada com o líder ou ministério, Ele deixa de ser o ator
principal e passa a ser o coadjuvante.
Ante a breve reflexão que acabamos de
fazer, que a Reforma Protestante não foi simplesmente um movimento de ruptura
com a Igreja Romana, mas, sim, a implementação de uma lógica que visava
estabelecer uma espiritualidade e estrutura eclesiástica bíblica.
Contudo, hoje observamos, que mesmo
separados da Igreja Romana, que os ideais basilares da reforma protestante
foram suplantados pela igreja contemporânea, hoje, 497 (quatrocentos e noventa
e sete) anos depois de Lutero, o futuro, no tocante a estrutura de poder
eclesiástica e práxis cristã, repetiu o passado, por isso, necessitamos urgente
de uma nova reforma, que liberte a igreja evangélica das amarras do engano e de
uma espiritualidade equivocada.
Pr. Jonas Silva