
Novamente venho trazer uma reflexão
sobre os rótulos que muitas vezes enquanto Batistas Nacionais pairam sobre
nossas práxis teológicas, desta vez o fato de sermos ou não pentecostais.
O rótulo de pentecostal adere à
nossa compreensão teológica em virtude daquilo que nos fez peculiar em relação
aos Batistas Brasileiros, e que foi o mote da expulsão de alguns dos nossos
fundadores da Convenção Batista Brasileira; que é a crença batismo no Espírito
Santo como uma segunda benção possível e distinta e à parte da
regeneração, disponível para a vida de
cada cristão, bem como, a convicção da
contemporaneidade dos dons do Espírito Santo, entre estes, destacamos o falar
em línguas estranhas, tecnicamente chamado de glossolalia.
Se afirmarmos que ser Pentecostal é
exatamente crer e vivenciar tais fenômenos, então poderíamos dizer que os
Batistas Nacionais são Pentecostais desde o berço. Contudo, a questão não é tão
simplista o quanto parece, já que o termo no campo semântico da teologia toma
uma conformação bastante peculiar e específica.
Em linhas gerais, podemos definir um
pentecostal clássico aquele que compreende o Batismo como Espírito Santo como
um evento subsequente ao Novo Nascimento ou a Regeneração, evidenciado pelo
falar em línguas estranhas (glossolalia), e disponível para a igreja desde o
dia de pentecostes.
Então partindo desta restrição
semântica, temos agora três requisitos básicos para a denominação de um grupo
como pentecostal: 1) Acreditar no Batismo com o Espírito Santo como segunda
benção distinta da regeneração; 2)Crença na contemporaneidade dos dons do
Espírito Santo; 3) Entender como evidência do Batismo no Espírito Santo o falar
em línguas estranhas.
Visando compreender a questão de
como os Batistas Nacionais se enquadrariam na citada conformação semântica, que
é a de Pentecostal, gostaríamos de recorrer a Declaração de Fé Batista Nacional
em especial ao capítulo III que trata do Espírito Santo, vejamos:
III — DO ESPÍRITO
SANTO
Cremos que o Espírito
Santo é o Espírito de Deus. Ele inspirou homens santos da antiguidade para
escrever as Escrituras. Capacita homens através de iluminação a compreender a
verdade. Exalta a Cristo. Convence do pecado, da justiça e do juízo. Atrai
homens ao Salvador e efetua regeneração. Cultiva o caráter cristão, conforta
os crentes e concede os dons espirituais pelos quais eles servem a Deus através
de Sua Igreja. Sela o salvo para o dia da redenção final. A presença dEle
no cristão é a segurança de Deus para trazer o salvo à plenitude da estatura de
Cristo. Ele ilumina e reveste de poder (Batismo no Espírito Santo) o crente
e a Igreja para a adoração, evangelismo e serviço. (grifo nosso)
Analisando a Declaração de Fé da
Convenção Batista Nacional, percebemos claramente que em relação aos itens
relativos a: 1) Acreditar no Batismo com o Espírito Santo como segunda benção
distinta da regeneração; e o 2)Crença na
contemporaneidade dos dons do Espírito Santo; foram consignados de forma clara
e inequívoca. Contudo, a mesma é silente
quanto ao item 3), que trata da evidência do Batismo no Espírito Santo como o
falar em línguas estranhas.
É exatamente na questão da
Glossolalia como evidência “sine qua non” do Batismo com o Espírito Santo, que os
Batistas Nacionais se diferenciam dos Pentecostais Clássicos, já que os mesmos
compreendem que a Evidência do Batismo no Espírito Santo está na causa,
autoridade e intrepidez no testemunho do
Evangelho, e não nos efeitos, dons espirituais dentre os quais o falar em
língua.
Um dos fundadores da Convenção
Batista Nacional (CBN) e um dos seus grandes expoentes teológicos Pr. Enéas
Tognini, em uma série de estudos publicados pela editora da CBN, LEBAN,
Intitulado Pessoa e Obra do Espírito Santo, afirma o seguinte na página 37:
Existem duas correntes:
Uma que admite a evidência do batismo no Espírito Santo falando língua
estranha. Se não falar em língua, não está batizado. Esta posição enfrenta, às
vezes, o perigo de inverter causa e efeito. Outra defende que o crente pode ser
cheio do Espírito Santo sem falar em língua. A Evidência que não pode faltar no
batismo no Espírito Santo é o PODER PARA TESTIFICAR DE At 1.8.
Podemos ver a possibilidade de
dissociação entre o batismo no Espírito Santo com o falar em línguas, também em
outro fundador da Convenção Batista Nacional, Pr. Rosivaldo de Araújo, em
autobiografia intitulada: Ninguém Detém! É Obra Santa, na qual faz uma análise
do movimento de renovação espiritual no nordeste do Brasil, senão vejamos:
O pastor José Rego
até aquele momento ainda não falava em línguas, embora fosse batizado como o
Espírito Santo. Não obstante, era um homem cheio do poder do Espírito que
sacudiu o Brasil com as suas mensagens, e por isso nos causava grande
admiração. (pág 102)
É interessante notar
que na experiência do pastor José Rego do Nascimento não houve manifestação de
línguas estranhas. O que me deixou intrigado foi que ele estava tão cheio de
poder que causava impacto a todos com a sua palavra, de norte a sul do Brasil,
mas não havia ainda falado em línguas. (pág 31)
Ao relatar o seu
batismo com o Espírito Santo:
Quanto a mim só vim a
falar em línguas cinco anos após aquela experiência. (pág 31).
Em
virtude do processo histórico que vivenciado pelo Batistas Nacionais, onde se
forjou as suas crenças doutrinárias particulares com as sínteses e revisões necessárias, enquadrar os mesmos como pentecostais, também, torna-se uma tarefa de certa forma inadequada, já que o
termo tomou um sentido teológico, que não abrange precisamente a pneumatologia
(estudo da doutrina do Espírito Santo) de tais batistas. Logo, talvez a melhor
definição para tal grupo seja: Batistas que acreditam no batismo no Espírito
Santo como uma benção distinta da regeneração e na contemporaneidade dos dons
Espirituais.
Pr.
Jonas Silva
Olá professor poderíamos no caso nos identificarmos como renovados ao invés de tradicionais ou pentecostais?