Quando
Deus estabeleceu suas diretrizes para o relacionamento com a nação de Israel,
Ele afirmou: “Ouve, Israel, o Senhor,
nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua
força.”(Deut 6:4-5).
Em outras palavras, o Senhor estava externando que a base da relação entre o
homem e seu criador é fato Dele, o criador, ser único no sentido de ocupar o
centro da vida de seus adoradores, ou seja, o chamado de Deus era para que se
destronassem os ídolos (outros deuses) da vida de seu povo.
Antes
de prosseguirmos, gostaríamos de falar um pouco sobre esse ente chamado de
ídolo, para muitos, parece um conceito óbvio, um lugar comum, já que é notório
o sentido que nos remete o vernáculo: Uma imagem, um objeto concreto de
adoração cultual. Contudo, compreendemos que muito mais que algo concreto, o
ídolo é um conceito que dar sentido à vida daqueles que dele se apropriam,
ocupando ou dividindo espaço com aquele que deveria ser único. Neste sentido, a
imagem nada mais é que uma representação, uma materialização deste conceito.
Sempre
defendemos que a raiz de todo esquema pecaminoso é a idolatria, acreditamos
inclusive, que o primeiro pecado humano foi motivado por uma raiz idólatra. Quando
nossos pais, ainda no Édem, escolherem comer da árvore do conhecimento do bem e
do mal, em detrimento da vontade divina, eles estavam substituindo: Deus por
seu próprio eu, a vontade do criador por sua própria vontade e a verdade de
Deus absoluta pela relativa “verdade” da serpente. Enfim, eles estabeleceram
para si um ídolo sem imagem física aparente, mas que se curvaram diante dele.
O ídolo não é, ele se
torna, ele só é para nós, fora de nós enquanto divindade não é nada, o Apostolo
Paulo nos alerta de forma profunda sobre este aspecto: “...nós sabemos que um ídolo representa alguma coisa que realmente não existe. .”
(1 Cor 8:4).
Compreendemos
que o homem do século XXI, mesmo aqueles que buscam uma vida com Deus, que
possuem conceitos teológicos tão refinadamente sistematizados, ainda advoga um
conceito superficial que o ídolo, prioritariamente, está ligado a uma imagem
física que é adorada em um determinado contexto litúrgico.
A incompreensão, do verdadeiro sentido
do ídolo, vem levando muitos cristãos, a um tipo de espiritualidade lastreada
na idolatria, inclusive aqueles oriundos da reforma protestante, que muitas
vezes se tranquilizam por não se prostrarem diante de imagens de esculturas,
mas, na verdade possuem lógicas, sentimentos, ou mesmo pessoas que ocupam o
lugar de Deus em sua vida, redundando em uma inversão de prioridades, onde o
Senhor e seu Reino sempre é renegado ao segundo plano.
A idolatria continua sendo um dos
principais problemas espirituais do homem, o evangelho da prosperidade e sua
lógica mercantilista, é um exemplo típico de um sistema idólatra, onde as
coisas e as sensações, ocupam e dividem lugar com aquele que é o único Senhor.
A mensagem pregada aponta para as coisas que Deus pode dar e não para o próprio
Senhor, nesta lógica, as obras criadas são mais importantes que o autor, sendo
a base primeira da relação espiritual.
O deus criado pelo homem e pelo
evangelho pós-moderno, é uma caricatura do Deus revelado, ou seja, uma imagem
forjada pelo egoísmo humano, uma verdadeira “imagem de escultura humanista”.
Até mesmos as coisas que fazemos para
Deus podem se tornar ídolos, quando elas são um fim em si mesmo, e, não visam exclusivamente
à glória do único Deus, neste aspecto, entendemos que há muitos altares (Ministérios,
Visões teológicas, líderes) na vida dos ditos “crentes”, os quais que se
prostram diante deles na desculpa que estão servindo ao Senhor.
O chamado ao Evengelho é um chamado iconoclasta, o
problema que nem sempre os ídolos a serem destruídos, estão materializados em forma
de imagens fisícas. sendo adequada e oportuna a paráfrase: “Ouve, IGREJA, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.”.
Mas, o atendimento a este chamado só se concretizará
quando tivermos dispostos a destronarmos: Toda lógica, conceito, fonte de
sugurança e sentimentos/sensações, que ocupam o lugar do Senhor Deus em nossa
vida e na vida comunitária da Igreja.
Pr. Jonas Silva
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