
Viver o cristianismo é uma verdadeira
aventura, uma jornada de confronto com o nosso eu interior, existencial e
essencial, muito bem alegorizada por John Buniam, em sua obra o Peregrino.
Tenho percebido que muitas vezes tratamos
a nossa relação como Deus e como um próximo com certo grau de superficialidade,
fruto da incompreensão da dimensão e da profundidade que envolve o chamado a
essa grande aventura, que é o andar com Deus em Cristo, que nada mais é que o
discipulado.
É comum os cristãos afirmarem que amam
a Deus, mais, me pergunto diante da afirmativa: O que é finalmente amar a Deus?
Como provo esse amor? A própria Bíblia dá essa resposta, afirmando que o amor
que temos a Deus sempre redundará no amor ao próximo (1 João 4:19-21), ou seja,
quem ama a Deus ama às pessoas.
A minha surpresa nessa aventura, é que
sempre nos descobrirmos sendo incoerentes e superficiais neste quesito, pois,
sempre esquecemos que o amor a Deus, é uma relação de TUDO ou NADA, e nunca de
partes, áreas loteadas, sentimentos medidos, relacionamentos superficiais e
mesquinhez. Diante da constatação, gostaria de compartilhar duas questões, que
venho me esforçando para não cair no erro da superficialidade, questões estas,
que pelo menos para mim, constituem-se, o que podemos chamar, de verdades
inconvenientes.
A primeira: Nuca orar por aquilo que não estou disposto a ser resposta de oração
Sempre achamos que as respostas nossas
petições sempre estão fora de nós mesmos, ou ainda, que os instrumentos para
concretização destas respostas sempre será o outro, é comum presenciarmos incoerências do tipo:
· Oramos
para Deus mudar nossa igreja, mas sem fazer
nada para que isso aconteça;
· Oramos
pela cura milagrosa de algum irmão, mas muitas vezes temos o remédio para sua
doença e não damos;
· Oramos
pelas finanças da igreja, sem contribuir efetivamente;
· Oramos
para que Deus envie missionários aos campos, mas, nunca respondemos: Eis-me
aqui Senhor! Envia-me a mim!
· Oramos
pelos problemas das pessoas, mas nunca a ajudamos efetivamente a solucioná-los;
· Pedimos
a Deus pela salvação de nossa geração, mas não trabalhamos para evangelizá-la.
O
exemplos são múltiplos, você mesmo pode acrescentar um monte, mas rogo a Deus,
que nunca encaremos a oração, como um ato de cinismo de quem almeja um
desencargo de consciência. Mas vamos a outra questão.
Segunda: Nunca critique alguém que você não está
disposto a ajuda-lo a mudar.
É
comum da religiosidade: estabelecer fronteiras delimitadoras e intransponíveis,
rotular pessoas e comportamentos, gerar fixações morais e comportamentais.
Diante
de tantos, não ultrapasse, não toques, não se relacione, em fim de tantas
críticas e julgamentos, fica a questão: O que fazemos para produzir mudanças
nas pessoas que criticamos.
A
religiosidade sempre tem um toque de narcisismo, que nos impede de encontrar
beleza fora da nossa imagem, ou seja, aquilo que não se parece conosco é feio e
precisa ser inquestionavelmente transformado em nossa própria imagem e
semelhança.
Reconheço
que o cristianismo sempre será uma proposta de transformação, por isso mudanças
sempre serão necessárias. Entretanto, questiono qual o instrumento que estamos
usando para produzir as mudanças necessárias na vida do outro, se for
exclusivamente a crítica, destituída de amor e da vontade de caminhar junto,
como fez Jesus com seus discípulos.
Percebo
que muitas vezes o que move a crítica é a vaidade e o egoísmo, que redunda em
uma apologética como um fim em si mesmo, e em um evangelismo proselitista.
Tenho
pedido a Deus para que não venha viver o Evangelho de forma superficial e
egoísta, que estas verdades inconvenientes quando materializadas em meu
comportamento, não silencie a voz de Cristo na minha boca.
Pr. Jonas Silva
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