
Uma das recordações que tenho da minha infância e
adolescência, final da década de 70, início dos anos 80, era a mobilizações das
igrejas evangélicas em minha cidade, Recife-PE, para abertura de uma rádio
evangélica, o mote era a abrangência da evangelização proporcionado por um meio
de comunicação em massa.
Hoje, daquela semente, a igreja está nas rádios, que
são tantas que nem sei quantas, e principalmente chegou à televisão, seja por
meio de emissoras próprias ou de espaços comprados em emissoras existentes no
mercado.
Mas, o que parecia uma vitória ou um avanço, percebo
hoje, que a postura midiática vigente, vem sendo um retrocesso para a igreja,
principalmente pela perda do propósito inicial que era a evangelização.
Os programas televisivos evangélicos, com raras
exceções, têm como público principal a própria igreja, já que ela consome os
produtos que são ofertados, bem como, responde mais facilmente ao apelo de
pedidos de ofertas, tudo no afã da manutenção dos mesmos.
A grande questão é que no afã de conquistar esse
público, obviamente a mensagem veiculada, principalmente nos canais televisivos,
deixou de ser evangelística, e passou a ser de cunho doutrinário humanista ou
de auto ajuda, e aí se estabelece um problema para as igrejas, problemas este,
que chega a ser um desserviço prestado por tais programas, pois os Pastores que
estão na linha de frente nas congregações, convivendo diuturnamente com as
ovelhas, ou se enquadram nos modelos doutrinários espúrios, o vão ter que
depreender a hercúlea tarefa de ensinar a sã doutrina para corrigir as distorções.
Tenho convicção em afirmar, que no Brasil, a maioria
das ovelhas é pastoreada por mais de um pastor, um é aquele que estar na frente
do seu programa evangélico predileto, e o outro, é o que ocupa o púlpito da
igreja semanalmente, que visita, que escuta, aconselha, chora, sofre, e também
se alegra com as vitórias do rebanho.
Uma questão relevante, é que tais ovelhas sempre
estão projetando sobre o pastor da sua igreja a imagem do pastor televisivo,
esperando que ele pregue da mesma forma, afirme as mesmas “verdades”, crie as
mesmas campanhas, contudo, sou taxativo em afirmar, na hora do aperto, alguém
já tentou ligar para a central de compras do compras do seu programa gospel
predileto, para pedir um conselho, agendar uma visita, realizar um culto de
ações de graças, ou mesmo fúnebre.
Na ótica de muitas ovelhas, as campanhas
arrecadadoras de fundo para os programas televisivos sempre são mais
importantes, deixando muitas vezes de ofertar para a manutenção do ministério
que está inserido, para contribuir com algo que é um fim em si mesmo, que não
possui outro objetivo que é crescer e expandir, não o Reino de Deus, mas um
império pastoral.
Sem querer generalizar, e nem dar nomes, desconfio
plenamente do serviço prestado à igreja e ao Reino de Deus por muitos programas
televisivos, programas estes que produzem confusão doutrinária e sugam recursos
da Igreja, recursos estes que poderiam ser utilizados para a obra missionária e
propagação do Evangelho Bíblico. Deixo, por fim, as palavras do Profeta
Ezequiel:
“Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de
Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as
ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não
apascentais as ovelhas. As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e
a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não
buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por
não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto
se espalharam. As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por
todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face
da terra, sem haver quem perguntasse por elas, Ezequiel 34:2-6”
Pr. Jonas Silva
0 comentários:
Postar um comentário