
Fui indagado por uma aluna do Seminário
que leciono a respeito da minha opinião concernente aos pregadores mirins, que vêm sendo atrações cada vez mais requisitadas em cultos festivos por este
Brasil eclesiológico.
Confesso que até aquele momento nunca havia pensando sobre a questão, mas, diante da questão levantada, passei a refletir sobre o assunto e perceber alguns
fatos que estão ligados diretamente ao tema.
Talvez alguns leitores já devem estar
me queimando na fogueira da inquisição gospel, alegando: Deus também usa
crianças!. Lançando mão de alguns textos bíblicos fora do contexto apropriado,
para respaldar tal argumento, dentre os quais: Atos 2:17:E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que
derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas
profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos”. Contudo,
gostaria de lembrar que o aludido texto não dá nenhum respaldo para que crianças
venham exercer o ministério autoritativo de exposição da Escrituras Sagradas.
A primeira questão que gostaria de
trazer para a reflexão, é concernente a maturidade espiritual ou doutrinária que
crianças possuem para ensinar e expor as Escrituras Sagradas. Sobre esse tema a própria Bíblia
responde, senão vejamos:
1)O período da infância é uma fase para
aprendizado: Deut 6 : 6 e 7 Estas
palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu
as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. E o tão citado Prov 22: 6 Ensina a criança no caminho em que deve andar e,
ainda quando for velho, não se desviará dele;
2) A infância é
caracterizado pela imaturidade, todas a vezes que se queria demonstrar a falta
de maturidade na Bíblia se recorria a figura da criança: I Cor 3: 11Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a
espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Mateus
11:16 Mas a quem hei de comparar
esta geração? É semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos
companheiros:
Ante os Textos Sagrados, surge a segunda
questão: Será que realmente uma criança entende o que prega? Com certeza não o
suficiente, pois a criança tem e deve ter uma linguagem própria, inclusive para
as questões espirituais. Quando obrigamos uma criança a viver e se portar como
adulto, queimando etapas de sua vida, isto certamente redundará em algum prejuízo para o
seu desenvolvimento cognitivo e psicológico.
A falta de maturidade espiritual e
teológica de um pregador mirim, fatalmente vai levar a criança a repetir mecanicamente, obviamente sem uma reflexão adequada, as mensagens que ouve dos adultos, com direto a imitação de clichês e dos trejeitos
pentecostais.
No mundo gospel, os pregadores e
cantores mirins são mais um dos produtos ofertados pelo mercado. Contudo, preocupo-me com a exploração de crianças, negando as mesmas o mais sagrado direito
que é de ser pueril como qualquer outra.
Outra inquietação que me suscita a
questão, é a respeito da maturidade de uma igreja exortada e ensinada por crianças.
Será que entre os adultos, não há pregadores amadurecidos suficientes? Por outro lado, Os pregadores mirins
parecem atrair a atenção muito mais pelo fato de serem exóticos, do que
propriamente pela qualidade da mensagem pregada. Portanto, é uma pena que transformaram o
púlpito, que, em princípio, deveria ser um local de exposição Bíblica, em um verdadeiro circo.
Logo, deixo a provocação, quem sabe não deveríamos convidar para
os cultos festivos, mulheres barbadas, irmãs siamesas e outras atrações? Transformando assim, a exposição bíblica no espetáculo do púlpito dos horrores.
Pr. Jonas Silva
Parabéns Pr Jonas.
Texto tão completo que é até difícil de falar mais alguma coisa. Deus lhe abençoe por nos esclarecer sobre este sutil engano, que alguns acabam abraçando. Abs
Samuel Alves