
Em uma época na qual a mensagem cristã
evangélica vem se tornando cada vez mais egoísta, antropocêntrica e desconectada
de qualquer sentido de transformação existencial. Onde o “ter”, que se
concretiza na venda de bênçãos materiais, em detrimento do “ser”, que aponta
para o poder transformador do Evangelho, requer que os seres pensantes da
igreja revejam o papel social da Igreja.
Mas qual a implicação de pensar a
igreja na dimensão social? Após muito refletir, acho que fatalmente pensar a
igreja urge que respondamos as seguintes questões:
· O
Cristianismo é uma religião estritamente dos céus, ou há algum componente aqui
na terra, com implicações práticas na vida do cristão?
· Qual
a razão da Igreja Evangélica ter crescido tanto no Brasil, sem, contudo,
redundar em mudança ética da sociedade?
· A
mensagem do Evangelho deve simplesmente arauto do sucesso, das riquezas, das
curas físicas, sem levar em conta que o chamado de Jesus, é o chamado à
renúncia que implica na mudança de vida em todas as áreas?
· A
igreja deve ser influenciada pelo mundo, ou ser uma agência influenciadora e
promotora de mudanças profundas na realidade na qual está inserida?
Amigo
leitor, dou a você toda permissão e direito de discordar, pois, talvez as questões
e inquietações acima, não são suas, e sim minhas, não cabendo a você qualquer
compromisso de apropriação.
Mas
confesso que elas são para mim alvo de incômodo, pois sempre entendi que o Evangelho,
não o da prosperidade, mas o de Jesus Cristo, tem que redundar na transformação
de vidas, vidas estas que mudam a realidade na qual está inserida.
Defendo
veementemente que viver o cristianismo bíblico não pode em nenhuma hipótese, descambar
em uma filosofia anacrônica, onde se estabelece uma dicotomia gnóstica, onde o
ser cristão implica em uma fuga do mundo. Neste gnosticismo transvertido de
piedade, cabe a argumentação equivocada: Sou Crente, cidadão dos céus, devo
fechar a minha existência para a realidade circundante, em fim, já não sou do
mundo.
Em
nenhum momento Jesus ensinou esta ruptura, na verdade ele dá um sentido todo
especial para a vida dos cristãos que mesmo não sendo do mundo estão no mundo
para serem sal e luz.
Ser
sal da terra e luz do mundo na ótica do Evangelho, tem uma dimensão social
muito relevante, pois, implica em sermos enquanto igreja não seres alienados
para não dizer alienígenas, mas agentes que transformam a sociedade, por meio
do resgate dos valores e padrões bíblicos.
Entristeço-me,
e muito, quando a sociedade acusa a igreja Evangélica de ser negociadora da
mensagem de Cristo, ser instrumento de alienação e de dominação, massa de
manobra, ponto comercial da fé. Mas, o que mais me incomoda, é que muitas vezes, há
um fundo de verdade nas acusações.
As
acusações são frutos de um cristianismo equivocado da nossa geração, pois, a igreja
abandonou a sua missão profética, de ser agente de transformação social,
gerando uma comunidade de discípulos, que vivem segundo padrões de justiça
bíblico, pregam justiça social e resgatam as instituições (Família, Igreja,
Escola, Política etc), ou seja, expressam toda a plenitude de sua cidadania.
Pr. Jonas Silva
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