
Ultimamente tenho ouvido se falar
muito em diálogo inter-religioso e tolerância religiosa, mas percebo que a
primeira ideia está de certa forma equivocada.
Já que entendo que não há qualquer
possibilidade do estabelecimento de um diálogo inter-religioso, considerando o
próprio sentido do diálogo, bem como, o que a religião representa para cada um
dos seus verdadeiros adeptos.
Gostaria de ressuscitar um antigo
assunto postado aqui no blog, que é diálogo na visão do filósofo alemão Hans
Georg Gadamer (1900-2000). Para Gadamer,
a conversação é um processo de acordo. Logo requer uma postura frente ao outro,
ou seja, deixar espaço para os diversos pontos de vistas, colocar-se no lugar
do outro, comprometido com a compreensão do que se diz. Respeitando a opinião,
a fim de se chegar a um acordo em relação ao tema do diálogo.
O Dialogo na perspectiva gadameriana é
um impressor de marcas. É a intersecção entre mundos, ou melhor, cosmovisões, influenciado e se deixando influenciar. Logo, não pode haver
diálogo entre vidas hermeticamente fechadas. E isto se dar por meio da troca de
experiências. Como diria o referido filósofo alemão:
“ Onde o diálogo teve êxito ficou algo para
nós e em nós que nos transformou”
Para uma melhor compreensão, entendo que devemos fazer uma reflexão sobre o que a religião
representa e implica para cada pessoa que a abraça verdadeiramente. Vejamos algum dessas implicações:
1) Para
o adepto, a Religião define a sua visão de mundo, seus valores e perspectivas
de presente e de futuro;
2) Cada
Religião vem como uma revelação transcendental, sendo para o adepto, a mais
estrita verdade;
3) A
Religião sempre tomará o sentido de Sagrado, e fora dela sempre haverá o
antagonismo do profano.
Logo,
partindo desta perspectiva, como podemos dialogar, ou seja estar aberto para o
mundo alheio, quando cada um desses mundos está construído, sob um cosmovisão
totalmente destoante e antagônica. Pois dialogar representaria estar disposto a
aceitar ou estar aberto para mudanças, e em religião, mudar é desconfigurar ou
profanar o Sagrado.
Vejamos algumas simulações para
ilustrar melhor o que estou querendo dizer.
Um Judeu e um Cristão: Dialogar neste
caso, é admitir a possibilidade de aceitar ou rejeitar a pessoa de Jesus Cristo
como Messias, o que é inaceitável para um Judeu e inegociável para um Cristão,
logo, este diálogo já mais passaria de uma conversa, onde cada um exporia a sua
visão.
Um
Cristão e um Espírita Kardesista; Dialogar neste caso, é o
Cristão estar disposto a discutir a suficiência do sacrifício de Jesus e para o
Kardesista rever a doutrina de reencarnação.
Na esteira do exercício que acabamos de fazer, poderíamos citar inúmeros exemplos. Contudo, uma coisa acredito,
que as diversas expressões religiosas devem se respeitar, e não encarar a outra
como inimiga, odiando, rejeitando ou discriminando, pois, o amor, que é pregado, de forma recorrente, na maioria das religiões, deveria ser o mote para enxergarmos no outro, um
ser digno de respeito.
Amamos baleias, golfinhos, cachorros, que, obviamente, não são adeptos de nossa religião, mas, por outro lado, odiamos o homem, pelo o único motivo de não professar a mesma fé. Pensemos nisso.
Amamos baleias, golfinhos, cachorros, que, obviamente, não são adeptos de nossa religião, mas, por outro lado, odiamos o homem, pelo o único motivo de não professar a mesma fé. Pensemos nisso.
Pr.
Jonas Silva.
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