Ultimamente eu venho pensando muito
a respeito dos relacionamentos que estabeleci ao longo da minha jornada,
enquanto ser vivente. E tais reflexões se intensificam quando perco alguém
querido, ou mesmo quando alguém próximo está em risco iminente de partir.
Pois diante da concretude ou da possibilidade
de cessarem os relacionamentos neste mundo físico, sempre me faço a pergunta: O
que eu sei a respeito da vida do outro? Quem ele é ou era?
A questão que vem me surpreendendo é
que embora a posição da pessoa seja de proximidade (Pai,mãe, Irmão, Irmão em Cristo, Pastor, colega de
trabalho, esposa, filhos), sei muito pouco sobre a existência deles. Não estou
falando em saber o nome, onde mora, que time torce, qual a sua comida predileta
e coisas do gênero. Estou querendo ressaltar o conhecimento existencial, que
implica em saber: qual são os seus dilemas, qual foi a sua estrada, quais os
seus traumas, dores angustias, o que as fazem sorrir ou chorar, quem eram seus
pais, e outras profundidades do gênero.
Diante da questão, surge outra: Quantas
pessoas verdadeiramente me conhecem? Sabem coisas sobre a minha existência,
sobre a minha estrada.
Diante das duas questões, a
conclusão plausível, é que as pessoas na maioria das vezes, travam
relacionamentos protegidos por barreiras, onde o seu verdadeiro eu se torna inacessível
ao outro.
Sempre procuramos nos mostrar
protegidos por máscaras, é a mascara de pai, de filho, de mãe, de irmão, de
cristão, de colega de trabalho, de pastor, de ovelha, de professor, de aluno,
mascaras que refletem o politicamente correto, fundamentais para executar com
integridade e ao mesmo tempo com superficialidade existencial o “scripit” do nosso personagem social.
Aquilo que enxergamos no outro,
muitas vezes é sedimentado e construído em andares existenciais ao logo da
vida, andares estes, que muitas vezes não enxergamos, mas que sustentam aquilo
que é demonstrado no dia a dia, e que muitas vezes nos contentamos.
A verdadeira comunhão, que é muito
mais que um encontro de personagens, pois consiste em um encontro de existências,
só é possível segundo a Bíblia, para aqueles que estão na luz (Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz,
mantemos comunhão uns com os outros Jo 1:7a),
A
implicação de estar na luz, remete a comunhão para um novo patamar de
relacionamento, que é aquele onde enxergamos e somos enxergado, que não tem
nada a ver com aqueles momentos dos cânticos congregacionais de comunhão onde
nos abraçamos, pegamos na mão, dizemos retoricamente que nos amamos. Ter
comunhão é abri-se existencialmente para o outro.
Gostaria de propor um desafio, faça
uma lista de pessoas consideradas “íntimas” (pais, pastores, irmãos, parentes
etc), rompa com a superficialidade, e comece a pensar o que realmente você sabe
sobre a existência de cada um deles, e talvez você vá descobrir, que muitos ou
todos, não passam de desconhecidos íntimos
Pr. Jonas Silva
Pastor Jonas,
Eu passei por uma situação semelhante ontem. Socorri uma pessoa e na mesma noite ela veio a falecer.
Estou com minha mãe internada.
Belo e reflexivo texto.
Paz!